I
Futebol, é real, nem sempre é justo.De goleiro à torcida, cobra seu custo.
Como deus furioso, às vezes, é vil
Do mais craque ao pereba, um a um já puniu.
II
Castiga também quem de preto se veste,
De uma boa intenção à burrice inconteste.
O goleiro, atacante e os homens de apito,
da torcida, ofensas, já ouviram em grito.
III
Mas todo o brado que enche a boca da gente,
a justiça faria àquele que mente.
Bola não toca, da paixão é descrente,
Gritem "Fi-lho da Pu-ta!" ao mau dirigente.
IV
Que há tempos comete pior injustiça,
conduz sempre a esmo essa cultura mestiça.
Podres poderes entre tanta imundice
Correm os anos e persiste a mesmice.
V
A dúvida, a suspeita, nada os constrange
Se são da linhagem de João Havelange.
Em Manaus ou Brasília, há um branco elefante.
Mas é grana do povo: às obras, avante!
VI
Em tantas cartolas, uma alma não salta.
Se não há coliseu, tal outra ideia incauta.
Copa se vende por um sujo vintém,
do Brasil ao Catar, mais dinheiro, amém!
VII
Futebol é negócio, sobra certeza,
patrocínios e cotas postos à mesa.
Dólares da máfia, sultão ou califa
compram de craques até a corte da Fifa.
VIII
Até nossos ídolos, Gorducho e Alteza,
de tantas bobagens, nem causam surpresa.
Mudo poeta que ao poder se apequena,
Se saúde faltar, seu leito é Arena.
IX
Justiça agora! Que se faça a vingança,
aos que roubam medalha e engordam a pança.
O calendário, aqui jaz, outra lambança.
Mobilidade, piada, nunca avança.
X
Ainda há um alento, no último minuto.
Uma jogada esperta, um lance arguto.
Levante a bandeira contra esse cartola
Que simula e finge, que só nos enrola.
XI
Vamos à luta, demonstrar nossa fúria
frente aos vermes que só nos trazem penúria
Se os Diabos se vão, o mal todo esvazia.
Futebol vencerá como em poesia.